quarta-feira, 15 de abril de 2020

Série: O Metodismo Segundo John Wesley, Parte 2: Um Apelo ao Jejum e Oração




Depois de ter um encontro com o Espírito Santo, sendo impressionado pela ideia de conversão instantânea – Ou seja, imediata, que não aconteceu progressivamente em um longo período de tempo,  mas completamente em um instante – John Wesley continuou a aplicar sua disciplina em tudo, mas, dessa vez, tendo como base e motivação Deus e sua graça, e não a gratificação de seus próprios esforços.
A respeito desses constantes atos de renúncia da carne, ele assim escreveu: “ Enquanto cursava em Oxford... jejuávamos às quartas e às sextas feiras, como faziam os crentes primitivos em todos os lugares. Escreveu Epifânio (310 – 430 d.C): “Quem não sabe que o jejum das quartas e das sextas-feiras é observado pelos crentes do mundo inteiro?” Não sei por que eles guardavam essses dois dias, mas é boa a regra; se lhes servia, também me serve. Contudo, não quero dar a entender que o único tempo de jejuar seja esses dois dias da semana, porque muitas vezes é necessário jejuar mais do que dois dias. É necessário permanecer sozinho e na presença de Deus, enquanto jejuamos e oramos, para que Deus possa mostrar-nos a sua vontade e dar-nos direção. Nos dias de jejum devemos afastar-nos, o mais possível, de todo serviço, de fazer visitas e das diversões, apesar de essas coisas serem lícitas em outras ocasiões”.
Sobre esse período da vida de John Wesley, Orlando Boyer também escreve em seu livro Heróis da Fé: “ Enquanto estudava em Oxford, juntava-se a um pequeno grupo de estudantes para orar, estudar as Escrituras diariamente, jejuar às quartas e sextas-feiras, visitar os doentes e encarcerados e confortar os criminosos na hora da execução. Todas as manhãs e todas as noites, cada um passava uma hora orando sozinho em oculto. Durante as orações, paravam de vez em quando para observar se clamavam com o devido fervor. Mais tarde, três dos dos membros desse grupo tornaram-se famoso entre os crentes: John Wesley, Carlos Wesley e Jorge Whitefield.”
Também eram feitas vigílias que começam as 20 horas e continuavam até depois da meia noite – ou até cair o Espírito Santo sobre eles. Sobre uma dessas reuniões, ele conta: “Cerca das 3 horas da madrugada, enquanto perseverávamos em oração (Rm 12.12), o poder de Deus nos sobreveio de tal maneira que vradamos impulsionados de grande gozo e muitos caíram ao chão. A seguir, ao passar um pouco o temor e a surpresa que sentimos na presença da majestade divina, rompemos em uma só voz: “ Louvamos-te, ó Deus, aceitamos-te como Senhor”.
Apesar de sua fama, John Wesley tinha como maior cruz a perseguição por parte da “igreja” decadente. Foram denunciados como “falsos profetas”, “paroleiros”, “impostores arrogantes”, “homens destros na astúcia espiritual”, “fanáticos”, etc. Alegavam que sua pregação sobre justificação pela fé e santificação incomodava, pois “levou o povo a se levantar para cantar hinos às cinco da manhã”.
Durante o seu ministério, andou, em média, mais de sete mil quilômetros por ano para alcançar pontos de pregação. Seja debaixo de chuva, sol ou temporais de neve. Nunca perdeu o seu vigor, com 70 anos, pregava a um auditório de 30 mil pessoas, ao ar livre, sendo ouvido por todos (sem microfone, é claro). Segundo ele, um dos principais motivos de tal vigor se dava ao hábito de sempre ter orado as cinco da manhã e descansado livre de preocupações (não pela ausência das mesmas, mas pela fé que Deus as tinha sob controle).
A perseverança na oração e jejum é e sempre foi o segredo. Nisso reside a diferença no metodismo de Wesley: Reconhecer a dependência da presença de Deus, sobrenatural e sensível, não de hábitos religiosos. Essa sua força está disponível para todos quanto desejem mais de Deus.

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