Depois de ter um encontro com o Espírito Santo, sendo
impressionado pela ideia de conversão instantânea – Ou seja, imediata, que não
aconteceu progressivamente em um longo período de tempo, mas completamente em um instante – John
Wesley continuou a aplicar sua disciplina em tudo, mas, dessa vez, tendo como
base e motivação Deus e sua graça, e não a gratificação de seus próprios
esforços.
A respeito desses constantes atos de renúncia da carne, ele
assim escreveu: “ Enquanto cursava em Oxford... jejuávamos às quartas e às
sextas feiras, como faziam os crentes primitivos em todos os lugares. Escreveu
Epifânio (310 – 430 d.C): “Quem não sabe que o jejum das quartas e das
sextas-feiras é observado pelos crentes do mundo inteiro?” Não sei por que eles
guardavam essses dois dias, mas é boa a regra; se lhes servia, também me serve.
Contudo, não quero dar a entender que o único tempo de jejuar seja esses dois
dias da semana, porque muitas vezes é necessário jejuar mais do que dois dias.
É necessário permanecer sozinho e na presença de Deus, enquanto jejuamos e
oramos, para que Deus possa mostrar-nos a sua vontade e dar-nos direção. Nos
dias de jejum devemos afastar-nos, o mais possível, de todo serviço, de fazer
visitas e das diversões, apesar de essas coisas serem lícitas em outras
ocasiões”.
Sobre esse período da vida de John Wesley, Orlando Boyer
também escreve em seu livro Heróis da Fé: “ Enquanto estudava em Oxford,
juntava-se a um pequeno grupo de estudantes para orar, estudar as Escrituras
diariamente, jejuar às quartas e sextas-feiras, visitar os doentes e
encarcerados e confortar os criminosos na hora da execução. Todas as manhãs e
todas as noites, cada um passava uma hora orando sozinho em oculto. Durante as
orações, paravam de vez em quando para observar se clamavam com o devido
fervor. Mais tarde, três dos dos membros desse grupo tornaram-se famoso entre
os crentes: John Wesley, Carlos Wesley e Jorge Whitefield.”
Também eram feitas vigílias que começam as 20 horas e
continuavam até depois da meia noite – ou até cair o Espírito Santo sobre eles.
Sobre uma dessas reuniões, ele conta: “Cerca das 3 horas da madrugada, enquanto
perseverávamos em oração (Rm 12.12), o poder de Deus nos sobreveio de tal
maneira que vradamos impulsionados de grande gozo e muitos caíram ao chão. A
seguir, ao passar um pouco o temor e a surpresa que sentimos na presença da
majestade divina, rompemos em uma só voz: “ Louvamos-te, ó Deus, aceitamos-te
como Senhor”.
Apesar de sua fama, John Wesley tinha como maior cruz a
perseguição por parte da “igreja” decadente. Foram denunciados como “falsos
profetas”, “paroleiros”, “impostores arrogantes”, “homens destros na astúcia
espiritual”, “fanáticos”, etc. Alegavam que sua pregação sobre justificação
pela fé e santificação incomodava, pois “levou o povo a se levantar para cantar
hinos às cinco da manhã”.
Durante o seu ministério, andou, em média, mais de sete mil
quilômetros por ano para alcançar pontos de pregação. Seja debaixo de chuva,
sol ou temporais de neve. Nunca perdeu o seu vigor, com 70 anos, pregava a um
auditório de 30 mil pessoas, ao ar livre, sendo ouvido por todos (sem
microfone, é claro). Segundo ele, um dos principais motivos de tal vigor se
dava ao hábito de sempre ter orado as cinco da manhã e descansado livre de
preocupações (não pela ausência das mesmas, mas pela fé que Deus as tinha sob
controle).
A perseverança na oração e jejum é e sempre foi o segredo.
Nisso reside a diferença no metodismo de Wesley: Reconhecer a dependência da
presença de Deus, sobrenatural e sensível, não de hábitos religiosos. Essa sua
força está disponível para todos quanto desejem mais de Deus.
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